CHICO BUARQUE / ILUSTRAÇÃO DIGITAL MAURÍCIO PORTO / 2011 BASEADA EM FOTO DO GOOGLE IMAGENS |
Minha vida mudou totalmente
quando na minha pequena vitrola,
aquele rapaz, Francisco,
simplesmente me fez acreditar
que ela, a vida, era também pura poesia.
Por causa dele, o teto e as paredes
do meu quarto desapareciam.
Minha namorada e eu na cama,
de repente, olhando para todos os lados,
com o espanto dos descobridores,
com o espanto dos descobridores,
víamos um novo mundo nascer.
Nos LP's e nas rádios,
estava ele a nos fazer mais felizes,
mais poéticos e sensíveis,
cantando o amor
e o amor à liberdade,
e tudo o que ele via e sentia,
Nos fez mais atentos, bico calado,
cantando o amor
e o amor à liberdade,
e tudo o que ele via e sentia,
Nos fez mais atentos, bico calado,
apesar de orgulhosos da nossa língua
portuguesa-brasileira
por ele enriquecida
em libertos poemas,
numa luta sem trégua
contra analfabetos carimbos
de obscuros censores,
que, insanos, insistiam
em vê-los desaparecidos.
Ele me ajudou a querer
portuguesa-brasileira
por ele enriquecida
em libertos poemas,
numa luta sem trégua
contra analfabetos carimbos
de obscuros censores,
que, insanos, insistiam
em vê-los desaparecidos.
Ele me ajudou a querer
o meu Brasil de volta,
que vultos sombrios,
informes nos seus uniformes,
nos seus porões insalubres,
trancaram e deformaram,
na longa noite escura,
sem estrelas nem lua,
de sonhos despedaçados,
de almas torturadas,
de vidas perdidas
que, enfim, terminou
numa lenta e combinada
frustante alvorada.
Sem ele nada saber,
que vultos sombrios,
informes nos seus uniformes,
nos seus porões insalubres,
trancaram e deformaram,
na longa noite escura,
sem estrelas nem lua,
de sonhos despedaçados,
de almas torturadas,
de vidas perdidas
que, enfim, terminou
numa lenta e combinada
frustante alvorada.
Sem ele nada saber,
percorreu minha vida até hoje.
Em tudo do que nela vi e vivi
lá estava ele, poeta maior,
compositor de primeira,
para mim, o melhor de todos,
sempre seguindo de perto meus passos,
meus acertos, meus fracassos.
No cotidiano,
Nas construções,
Nas ruas dos pivetes,
no Brasil dos brejos da cruz,
na minha querida Mangueira,
Derradeira estação,
no Subúrbio, coração.
Na alegria e na tristeza
dos meus casamentos.
No sensível olhar
dos olhos nos olhos,
das minhas separações,
nos amores e nas paixões
do que será que me dá.
Francisco já nasceu eterno.
Um anjo sem asas,
um santo malandro,
um orixá guerreiro,
de um Brasil, mais brasileiro.
Chico, muito obrigado!
Feliz aniversário!
19 de junho de 2011.
Para Irene, minha enteada, que desde muito cedo
as músicas de Chico adorava!
19 de junho de 2011.
Para Irene, minha enteada, que desde muito cedo
as músicas de Chico adorava!
Maurício Porto
Do meu livro - Ladeiras do Silêncio.
Rio, 19 de junho de 2011.
(Texto revisto e definitivo em 25 de junho de 2011)
Do meu livro - Ladeiras do Silêncio.
Lindo texto! Adorei...
ResponderExcluirUma significativa homenagem ao Chico e os parabéns vale também para um belo texto.
ResponderExcluirAbraços