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terça-feira, 12 de julho de 2011

SONHEI QUE EU MORAVA NA BARRA

SONHEI QUE EU MORAVA NA BARRA  / ILUSTRAÇÃO DIGITAL / 2007 /
MAURÍCIO PORTO

Caros leitores,


Fiz esta ilustração digital, num dia qualquer de 2007. Logo após concluí-la, a enviei por email para meu irmão Carlos. Dois ou três dias depois, conversando comigo por telefone, ele comentou que havia gostado da ilustração e que só faltava um homem sentado no sofá olhando pro nada, pois assim lembraria Hooper. Respondi-lhe que eu havia pensado nisso mas que preferi mais a ausência do que a presença, pois assim os conhecedores do pintor iriam colocar mentalmente no sofá um solitário e perdido norte-americano da América de Hooper e completar minha proposital citação, feita apenas com a colocação de um móvel para alguém se sentar e ficar admirando o nada.

Em Memória de Edward Hooper,
o pintor que eu mais gosto.

Maurício Porto
Rio, 12 de julho de 2011



terça-feira, 5 de julho de 2011

AQUI E AGORA




AQUI E AGORA

O vento do tempo sopra 
e insiste em espalhar lembranças
como folhas caídas ao meu redor.
Pra que lembranças, pois do passado 
neste instante nada lembro. 
Tampouco de sonhos futuros
pois deles também me esqueço.
Que o vento desista
ou procure outro norte.
Que o tempo cate todas as folhas,
sossegue e sem pressa, espere. 
Quando escrevo ou
improviso no piano,
dentro de mim não venta 
e o tempo, lá fora ou dentro, 
desaparece, some e termina,
como este texto, aqui e agora.

Maurício Porto,
Rio, 5 de julho de 2011
Do meu livro - "Ladeiras do Silêncio".

Para Aloysio Neves, meu Mestre e amigo, 
professor, compositor e músico extraordinário.


sexta-feira, 1 de julho de 2011

NO GOMEZ

Caros Leitores,
Aqui vai um croquis de imaginação de minha autoria. Este jovem está sentado no Bar do Gomez. Quem é ele, não sei. Mas que é no Gomez eu tenho certeza. O Gomez é, para mim, o melhor bar do mundo, não fosse ele em Santa Teresa. Fica na Rua Áurea, a minha rua, na esquina com a Monte Alegre e está apenas a cem metros da minha casa. Por que o jovem está no Gomez? Porque, simplesmente toda vez que eu penso num bar, penso que lá estou, como sempre, desenhando mentalmente. 
Santa Teresa, Rio de Janeiro, 18 de abril de 2008.
Texto revisto em 1 de julho de 2011.




Maurício Porto
Rio, 1 de julho de 2011

Texto do meu blog: Desenho e Ensino
Revisto em 1 de julho de 2011.



O PINTOR E O MENINO

Caros leitores,
Hoje apresento-lhes um diálogo real: "O Pintor e o Menino".
O pintor: - Seu pai me disse que você quer ser pintor quando crescer, é verdade?
O menino: - Sim, é verdade!
O pintor: - Posso lhe dar um conselho?
O menino: - Pode.
O pintor: - Copie, copie, copie. Copie a reprodução das pinturas dos grandes mestres !!! Depois, quando você fizer 18 anos, peça ao seu pai para lhe mandar para Paris. Vá ao Louvre todos os dias e continue copiando. Copie, Copie e não desista. Não se preocupe, um dia a Sua Pintura Nascerá !!!
O menino: - Eu já faço isso, mas só que eu copio desenhos de gibi. Eu adoro desenhar cavalos e índios!
O pintor sorriu levemente e perguntou: - Quantos anos você tem?
O menino: - 12 anos.
O pintor: - Então eu vou lhe dar aulas de pintura, você quer?
O menino: - Claro que eu quero!
O menino entusiasmado correu para perto do pai e falou: - Papai ele vai me dar aulas de pintura, eu vou ser pintor.
O pintor se aproximou do pai e disse: - Ele vai ser meu aluno.
O pintor: Cândido Portinari.
O menino: Eu, Maurício Porto.
Este encontro, que jamais esquecerei, aconteceu provavelmente em 1957
Foi numa galeria de arte em Copacabanana vernissage de uma exposição do extraordinário pintor argentino, Manoel Kantor. Portinari e Kantor eram grandes amigos de meus pais. 
Infelizmente não pude ser aluno de Portinari. A tinta a óleo, a terebentina ou a água ráz, me provocavam fortes crises de asma. Foi muito triste para mim. Aos 12 anos desisti de ser pintor. Mas de uma coisa eu sei, não esqueci o conselho de Portinari.
Aos 21 anos comecei minha carreira de ilustrador de arquitetura. Não tenho a menor vergonha de dizer que copiei dezenas de croquis de arquitetura 
de Le Corbusier, Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Sérgio Rodrigues, Marcos de Vasconcellos e Luiz Carlos Neves. Um dia o meu croquis nasceu!
Até a próxima,
Santa Teresa, Rio de Janeiro, 25 de abril de 2008.

Em Memória de Cândido Portinari.


Maurício Porto
Rio, 1 de julho de 2011

Texto do meu blog: Desenho e Ensino