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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

RETALHOS



Retalhos

De portugueses sou descendente.
Meu sobrenome revela.
De brasileiros sou filho.
Meu nome e sobrenome também o revelam.
José Maurício Ribeiro Porto.
Do Padre, o José Maurício,
tenho em comum, o cristianismo, 
a paixão enlouquecida pela música
e o prazer, segundo contam, de fazer filhos.
Eu, fiz quatro. Ele, dizem as boas línguas,
fez bem mais do que eu.

No Rio de Janeiro nasci, mas
em meus sonhos, lembranças
felicidades e tristezas
e em todos os cantos e recantos do meu ser
muitas vezes está ele, Fernando Pessoa.

Tenho a alegria dos cariocas,
dos brasileiros, mas guardo
bem escondido em meu peito
uma certa melancolia e uma solidão
que, de tanto senti-las,
trato-as como se amigas fossem
e me pergunto se não são elas
retalhos longínquos do meu ser lusitano.

Maurício Porto,
Rio, 21 de abril de 2013.

Do meu livro: Ladeiras do Silêncio
(Modificada em 12 de agosto de 2013).

Um comentário:

  1. Sim uma portuguesa com certeza!

    Adorei esse seu texto tocante e maravilhoso. Claro que a essa tristeza e solidão, ou nostalgia, é bem característica da nossa gente... basta ver o fado português que passou a património da UNESCO. :( Adoro a alegria dos brasileiros! :)
    Vivo a quinze minutos do Porto, meu bom amigo e se estivesse aqui comigo, neste país glaciar, ao pé da lareira para que seu coração não congelasse, oferecer-lhe-ia um cálice de Porto, ou de vinho do Douro e um serão de conversa, cheio de partilha e cumplicidade e puf!!!! Lá se ia a solidão. :) A minha varinha apenas permite, que inspire alegria com aqueles que têm o coração do tamanho do MUNDO!
    Obrigada por este momento nesta gélida noite de Carnaval.

    Um abraço quente, quente, como aquele que me deixou no outro seu maravilhoso blogue. Aqui... entrei dentro da sua alma. Obrigada.

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